SECANÁPOLIS - Sindicato dos Empregados no Comércio de Anápolis

Recorde de emprego esconde dificuldade de jovens no mercado de trabalho

Recorde de emprego esconde dificuldade de jovens no mercado de trabalho

Apesar de o desemprego ter baixado a 6,9% no segundo trimestre, a menor marca em uma década, há um segmento da população que ainda enfrenta dificuldades para abrir as portas do mercado de trabalho: os brasileiros de 18 a 24 anos.

Nessa faixa etária, a taxa de desocupação é consideravelmente maior que a média nacional e atinge o patamar de 16,8%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes aos três primeiros meses de 2024. As informações estão organizadas no estudo “Performance dos Jovens no Mercado de Trabalho”, recém-lançado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Disparidades regionais também preocupam especialistas ouvidos pela coluna. No Nordeste, por exemplo, o desemprego é superior a 20% e seis a cada dez jovens com alguma ocupação estão na informalidade — a média nacional é de aproximadamente 40%.

Metade dos jovens tem ocupações de baixa qualificação

“Nós estamos em um mercado de trabalho que tem passado por profundas mudanças e a demanda por profissionais qualificados é imprescindível”, explica Janaina Feijó, pesquisadora do Ibre/FGV e uma das autoras do estudo. “E os indivíduos mais jovens tendem a ter, em média, menos escolaridade e menos experiência”, complementa.

Não à toa, os brasileiros entre 18 e 24 anos têm sido empurrados para postos de baixa qualificação e baixa remuneração. “Cerca de 50% deles estão em ocupações com esse tipo de característica”, afirma Paulo Peruchetti, pesquisador que também assina a publicação do Ibre/FGV.

Aumentar a oferta de cursos técnicos, estimular o acesso ao ensino superior e aprimorar políticas de “matching” — conectando empresas e trabalhadores de modo a suprir demandas do mercado — são algumas das medidas apontadas para alavancar a empregabilidade desse público.

“A melhor política para o jovem é a aprendizagem”, garante Paula Montagner, subsecretária de estatísticas e estudos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “As tentativas de baratear a mão de obra não funcionam. O problema não é baratear, o problema é educar”, responde, ao ser questionada sobre a eficácia de políticas para subvencionar a contratação de jovens testadas tanto no primeiro governo Lula como na gestão Bolsonaro, mas que não deram certo.

“A briga é para manter os meninos na escola”

Os dados do IBGE organizados pelo Ministério do Trabalho apontam para um importante recorte de gênero. Entre os jovens desempregados, 23% das mulheres não concluíram o ensino médio. Já entre os homens, esse índice sobe para 37%. “No Brasil, tem dez anos que a nossa briga é para manter os meninos na escola”, resume Paula Montagner.

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